Page 48 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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biológicos regularmente à água consumida pelos   derados de elevado risco de doença. Quando
            animais (Helm, 2006). É aconselhável testar a   possível, espalhar o estrume de elevado risco em
            qualidade da água na sua fonte, no ponto de en-  terrenos aráveis em vez de terrenos de pastoreio
            trada nas instalações animais e no ponto de saída   (Australian Dairy Farmers, 2011). Devem -se lim-
            para os bebedouros, com o devido cuidado para   par e desinfetar sempre os equipamentos utiliza-
            evitar contaminações (Olkowski, 2019).          dos no maneio dos efluentes entre utilizações
                                                            (Brennan e Christley, 2012).
            Bebedouros e comedouros
               Análise do risco nas explorações: Os bebe-   Controlo de pragas
            douros e comedouros não eram altos o suficiente    Análise do risco nas explorações: Não exis-
            para minimizar a contaminação por fezes. Sendo   tia um programa de controlo de pragas.
            considerados fatores de risco, eram limpos         Risco: Os agentes patogénicos podem ser
            regularmente.                                   transmitidos direta ou indiretamente por roedores,
               Risco: Os contaminantes podem acumular -se   insetos, ácaros, carraças, aves, animais selva-
            nos comedouros e bebedouros, se estes não fo-   gens e animais de estimação, desde o exterior
            rem limpos e desinfetados regularmente. Água e   para o interior da exploração ou entre diferentes
            alimento velho podem contaminar água e alimen-  compartimentos da mesma. Podem atuar como
            to novo que lá se coloque (Bender e Bender, s.d.).  vetores biológicos, quando são hospedeiros obri-
               Redução do risco: Devem limpar -se os co-    gatórios na transmissão da doença, ou como ve-
            medouros e bebedouros regularmente, colocar-    tores mecânicos/fómites, quando não são hospe-
            -lhes uma cobertura e mantê -los a uma altura   deiros intermediários. Estas pragas podem trans-
            suficiente para que não sejam contaminados com   portar diversas patologias, incluindo importantes
            fezes e urina. Os bebedouros devem permanecer   zoonoses (Ricke, 2019).
            afastados dos comedouros para não contaminar       Redução do risco: Todas as explorações de-
            a água com comida e vice -versa. Para evitar a   vem ter um programa de controlo de pragas, cujo
            contaminação da água e alimento pelos roedores,   objetivo seja impedir que as pragas residam na
            aves, cães e gatos, o acesso aos reservatórios de   exploração ou nos seus arredores. Não se deve
            água e locais de armazenamento dos alimentos    colocar nenhum equipamento, comida ou lixo jun-
            deve ser limitado tanto quanto possível (Sarrazin   to das paredes das instalações. Todas as possí-
            et al., 2019).                                  veis entradas (ex. janelas, entradas de ar, espa-
                                                            ços sob o teto) devem ser totalmente fechadas ou
            Fertilizantes e efluentes                       equipadas com redes que impeçam a entrada das
               Análise do risco nas explorações: Não existia   pragas. Para capturar os roedores, podem utilizar-
            um plano de controlo de fertilizantes, nem existiam   -se técnicas químicas ou mecânicas. O controlo
            locais destinados à acumulação de efluentes.    químico é baseado em rodenticidas. O controlo
               Risco: Fertilizantes orgânicos como o estrume,   mecânico consiste maioritariamente em armadi-
            chorume e composto podem ser fontes de micror-  lhas. Métodos tradicionais de controlo, como is-
            ganismos patogénicos. Os efluentes e outros resí-  cos e armadilhas podem ser utilizados como uma
            duos produzidos na produção pecuária têm o po-  ferramenta de monitorização, ou seja, o desapa-
            tencial de disseminação de agentes patogénicos,   recimento dos iscos alerta os produtores acerca
            que podem contaminar as pastagens e fontes de   do crescimento da população de roedores. Se
            água, tanto na exploração de origem, como nas   existir erva em volta da exploração, mantê -la cor-
            vizinhas (Australian Dairy Farmers, 2011).      tada (Loncke e Dewulf, 2019). Para os insetos,
               Redução do risco: Algumas medidas úteis      evitar a existência de águas estagnadas e acu-
            são a manutenção de registos da fonte de fertili-  mulação de lixo, manter os animais fechados du-
            zante, a data e o local de aplicação e a verificação   rante as horas de maior atividade dos mosquitos
            das políticas de controlo de qualidade dos forne-  (nascer e pôr do sol) (Dunowska, 2019), remover
            cedores. Antes de espalhar o estrume nas terras,   a matéria fecal, aplicar repelentes ou inseticidas
            deve -se garantir  que tem o tempo necessário   tópicos nos animais, manter a zona do armaze-
            para que ocorra a compostagem, de forma a des-  namento de comida sem humidade para prevenir
            truir os microrganismos patogénicos e realizar   a sua fermentação. Os alimentos que necessitam
            intervalos de espera entre a aplicação dos fertili-  de fermentação devem estar protegidos do aces-
            zantes no campo e o pasto dos animais. Os deje-  so de moscas. O controlo de ácaros e carraças
            tos dos animais de quarentena e o estrume ad-   pode ser conseguido, realizando quarentena dos
            quirido de outras explorações devem ser consi-  animais parasitados, tratando -os com inseticidas


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