Page 43 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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do os animais comprados chegam ao destino, é    ser colocados em isolamento e monitorizados
            importante isolar, manter registos e monitorizá -los   diariamente (XLvets, s.d.), permitindo, ainda a
            durante um período de quarentena suficientemen-  chegada dos resultados dos eventuais testes rea-
            te longo para permitir que os sinais clínicos se   lizados. Quando os animais que chegam à explo-
            manifestem, sem contacto com o restante efetivo   ração não tiverem a vacinação em dia, o período
            (Oliveira et al., 2017). Assegurar que a mercadoria   de quarentena deve também dar tempo para a
            adquirida é adequada, está livre de dejetos e se   vacinação e desenvolvimento de imunidade. Na
            encontra dentro dos prazos de validade (Austra-  entrada da área de quarentena devem estar dis-
            lian Dairy Farmers, 2011).                      poníveis pedilúvios ou roupa e botas específicas
                                                            para aquela zona, apenas devendo ser utilizadas
            Mercados, feiras e leilões                      para esse efeito. As mãos dos funcionários devem
               Análise do risco nas explorações: Não havia   ser lavadas à entrada e à saída da zona de qua-
            participação em leilões, feiras ou mercados, o que   rentena. Para além disso, os trabalhadores só
            constituía uma boa medida de biossegurança.     devem entrar na área de quarentena após o fim
               Risco: Animais que participam em feiras, mer-  da sua rotina diária. A duração do período de iso-
            cados, exposições ou leilões e que voltam à ex-  lamento é variável, mas para doenças com curto
            ploração de origem, podem constituir uma fonte   período de incubação, são recomendadas três a
            de infeção para o efetivo (Australian Dairy Far-  quatro semanas (Renault et al., 2018). Quando
            mers, 2011).                                    não houver espaço suficiente para realizar uma
               Redução do risco: Nestes eventos, deve -se   boa quarentena nos edifícios, os terrenos de pas-
            ter vestuário e calçado de proteção, quando se   tagem ou edifícios antigos podem servir para o
            entra nas áreas com animais e não sair de lá sem   efeito. Preferencialmente, as instalações devem
            os limpar e desinfetar. Lavar a roupa de proteção   ser fisicamente separadas dos locais onde está o
            antes de a voltar a usar na exploração e lavar as   restante efetivo. Todavia, se as instalações de
            mãos. Garantir que os próprios veículos e equi-  quarentena se situarem dentro das instalações
            pamentos chegam e saem dos mercados limpos      animais, devem estar a pelo menos três metros
            e desinfetados (XLvets, s.d.). Colocar os animais   de distância dos restantes animais e deve -se as-
            provenientes deste tipo de eventos em isolamento   segurar que água, alimentos, material de cama,
            por um período mínimo de três semanas, aquan-   urina e fezes dos animais em quarentena não
            do do regresso à exploração (Villarroel  et al.,   contactam com o restante efetivo (Villarroel et al.,
            2007).                                          2007).

            Quarentena                                      Separação dos animais
               Análise do risco nas explorações: Não exis-     Análise do risco nas explorações: Os ani-
            tiam instalações para realizar a quarentena e os   mais de diferentes características, estavam aloja-
            animais eram introduzidos no rebanho sem serem   dos em grupo.
            submetidos a um período de quarentena.             Risco: Geralmente, os animais de diferente
               Risco: Os animais que venham do exterior po-  género, idade e estádio de produção têm diferen-
            dem ter sido expostos a agentes infeciosos não   tes graus de suscetibilidade a agentes patogéni-
            existentes na exploração. Se não forem separados   cos, sendo crucial mantê -los separados e traba-
            dos animais saudáveis, representam uma fonte de   lhar de acordo com as necessidades de cada
            contaminação e disseminação de doenças. A au-   grupo (Dewulf e Immerseel, 2019b).
            sência da realização de um suficiente período de   Redução do risco: Os animais podem ser
            quarentena pode contribuir para a disseminação   separados de acordo com o género, a idade, o
            de doenças assim como a incorreta realização do   tipo de produção, etc., de forma a evitar stresse e
            período de quarentena. A transmissão indireta de   lesões e a diminuir o risco de disseminação de
            doenças é possível, através do movimento de pes-  doenças entre diferentes tipos de produção ou de
            soas, material que não é corretamente lavado e   animais mais velhos para animais mais jovens
            desinfetado e através da água e alimentos (Villar-  (Helm, 2006). As diferentes unidades de produ-
            roel et al., 2007; Dhaka et al., 2020).         ção devem evitar o contacto físico entre os ani-
               Redução do risco: O período de quarentena    mais e garantir uma distância mínima de 3 metros
            é uma oportunidade de monitorização dos possí-  entre boxes para evitar a transmissão através do
            veis sinais clínicos dos animais adquiridos, que   contacto direto e indireto. Deve também evitar -se
            não eram evidentes na altura da chegada à ex-   a sobrelotação (Villarroel et al., 2007; Dhaka et al.,   N. o  22, Novembro 2021
            ploração. Todos os animais que chegam devem     2020).


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