Page 44 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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Enfermaria                                      dade devem ser limpas e desinfetadas (Hipra,
               Análise do risco nas explorações: Os ani-    2020). É recomendado que o produtor esteja
            mais doentes não eram isolados dos restantes em   sempre presente no momento do parto. As mãos,
            instalações designadas para a enfermaria. Havia   assim como todo o material obstétrico, devem ser
            reutilização de agulhas.                        lavados e desinfetados antes e depois de cada
               Risco: Os animais doentes são uma fonte pro-  parto. Depois dos partos, as membranas e teci-
            vável de transmissão de agentes patogénicos aos   dos fetais devem ser removidos do local, assegu-
            animais saudáveis. Também agulhas, seringas e   rando que não são ingeridos por cães (Sarrazin
            medicamentos mal armazenados podem ser uma      et al., 2019).
            fonte de infeção, podendo ser contaminados por
            microrganismos ambientais através do mau uso    Vedações
            e armazenamento (Dewulf e Immerseel, 2019b).       Análise do risco nas explorações: Não exis-
            A reutilização de agulhas é uma falha importante   tiam vedações no local de pastagem. O edifício
            de biossegurança (Renault et al., 2018).        onde os animais pernoitavam tinha barreiras pro-
               Redução do risco: Os animais que se encon-   tetoras (Figura 3).
            tram doentes devem ser isolados dos restantes      Risco: Frequentemente, o contacto com ou-
            em local designado para a enfermaria, para pre-  tros animais é possível em áreas de pasto adja-
            venir a transmissão de doenças ao restante efe-  centes ou partilhadas com outras explorações.
            tivo. Medidas de biossegurança que impeçam a    Para além disso, a transmissão de doenças entre
            transmissão de doenças, semelhantes às usadas   animais de diferentes explorações, pode ser pos-
            nas zonas de quarentena também devem ser apli-  sível através do acesso aos mesmos cursos de
            cadas nas enfermarias. O tratamento destes ani-  água. A ausência de vedações, ou vedações da-
            mais deve ser realizado com precaução, de modo   nificadas, pode permitir que o efetivo saia da ex-
            a evitar potenciais infeções iatrogénicas. Os ani-  ploração e que outros animais entrem (Sarrazin
            mais doentes só devem ser manipulados depois    et al., 2019).
            dos animais saudáveis. As enfermarias devem ser    Redução do risco: Deve -se vedar a área
            limpas e desinfetadas cada vez que são utilizadas   onde o efetivo se encontra e assegurar que as
            e devem localizar -se o mais longe possível do   vedações impedem a passagem de animais, atra-
            restante rebanho. Os animais que abortaram de-  vés de uma inspeção regular das mesmas. Ideal-
            vem ser considerados como animais doentes e
            alojados nas enfermarias até se determinar a cau-
            sa do aborto (Sarrazin et al., 2019).

            Maternidade
               Análise do risco nas explorações: Nas ins-
            talações individuais para a maternidade eram
            utilizadas luvas descartáveis no auxílio dos par-
            tos. Contudo, as fêmeas conseguiam sair das
            maternidades e ter contacto direto com os outros
            animais, o que representava um risco de
            biossegurança.
               Risco: O período do peri -parto é muito crítico
            para as fêmeas, que experienciam uma diminui-
            ção do seu sistema imunitário, mas também para
            os recém -nascidos, que nascem sem imunidade
            específica, também no que concerne à infeção
            por Coxiella burnetti (Villarroel et al., 2007).
               Redução do risco: No final da gestação e
            após o parto, as fêmeas devem ser separadas do
            restante rebanho para reduzir os riscos de aborto
            infecioso (XLvets, s.d.) e devem ser alojadas em
            locais próprios, denominadas zonas de materni-
            dade. Os locais de maternidade nunca devem ser
            utilizados como enfermarias, nem vice -versa. An-
            tes e depois de cada parto, as áreas de materni-  Figura 3. Barreiras protetoras da entrada de animais.


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