Page 23 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
P. 23
and age of the animals, sex, and time of year was analysed. The official questionnaire to the producer
sought to identify other risk factors associated with the outbreak. The average age of infection was 75
months, the disease was statistically (p=0.05) more prevalent in females (5%), when compared to
males (0.4%) and in the month of July, with 52.6% of the cases (p<0.001), probably associated with
the beginning of the calving season. Extensive grazing system, contact with wild fauna and other
herds, and absence of reproductive control were identified risk factors. The control of the outbreak
and plan for eradication of brucellosis were done based on vaccination, monitorisation of calvings and
abortions, and the restriction of wild fauna to pasture areas of the herd. The loss of live births and of
a high number of seropositive animals, and the impossibility of selling animals had a serious economic
impact on the farm.
Keywords: brucellosis; Brucella abortus; cattle; animal health controls; zoonosis.
Introdução qual está classificada em doze espécies, com
base no hospedeiro onde foram isoladas pela pri-
Portugal iniciou um programa de erradicação meira vez e ao qual podem causar doença clínica
de Brucelose em 1950, reforçado em 1994 pelo (Ficht, 2010), nomeadamente B. abortus (bovi-
programa de cofinanciamento Europeu para erra- nos), B. melitensis (pequenos ruminantes), B. suis
dicação desta doença. Contudo, ainda não alcan- (suínos), B. neotomae (rato do deserto america-
çou o estatuto de indemne, exceto em algumas no), B. ovis (ovinos), B. canis (canídeos), B. ceti
regiões do País (Tabela 1), as quais foram classi- (cetáceos), B. pinnipedialis (pinípedes), B. microti
ficadas como oficialmente livres de Brucelose no (rato europeu), B. inopinata (humanos com im-
ano 2000, após um período mínimo de cinco anos plantes mamários infetados), B. papionis (babuí-
sem qualquer caso de doença. Em 2020, existiam no) e B. vulpis (raposa) (OIE, 2022). As três
22 países oficialmente livres de Brucelose na Eu- primeiras espécies referidas são altamente pato-
ropa (Tabela 1). Diversos países do sul da Euro- génicas para humanos, OIE, 2022sendo B. mel-
pa, tais como Grécia, Itália, Hungria, Bulgária e litensis a mais invasiva e patogénica (OIE, 2022).
Espanha ainda não erradicaram a doença no seu Em Portugal, entre 2010 e 2016, a prevalência de
território (EC, 2020). exploração com pequenos ruminantes seroposi-
A Brucelose é uma doença causada por uma tivos para B. melitensis era cerca de 1% e de bo-
bactéria Gram-negativa do género Brucella, a vinos para B. abortus era 0,22% (DGAV, 2019).
Tabela 1. Lista de países e regiões portuguesas oficialmente indemnes de Brucelose bovina (recentemente reconhecidos em 2020
a negrito). Adaptado de https://ec.europa.eu/food/system/files/2021-12/la_annual-situation_2020.pdf (Acedido em 13 abril 2022)
Países oficialmente indemnes na Europa Regiões oficialmente livres em Portugal
Alemanha Letónia
Áustria Lituânia Região Algarve: todos os distritos
Bélgica Luxemburgo
Chipre Malta
Dinamarca Noruega Região Autónoma dos Açores:
Eslováquia Países Baixos Ilhas de Corvo, Faial, Flores, Graciosa, Pico, Santa Maria
Eslovénia Polónia
Estónia República Checa
N. o 22, Dezembro 2023
Finlândia Roménia Região Centro: distritos de Aveiro, Viseu, Guarda,
França Suécia Coimbra, Leiria, Castelo Branco
Irlanda Suíça
Revista Portuguesa de Buiatria 21

