Page 28 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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ropositivos no efetivo. As amostras de sangue fo- de com a vacina RB51, a partir de julho de 2019,
ram colhidas de acordo com os procedimentos em resposta a um aumento significativo de animais
oficiais definidos por lei e aplicados pelo MVE. seropositivos (51 novos animais seropositivos), in-
A recolha de dados foi feita com acordo de dicando ineficácia das medidas anteriores; e higie-
confidencialidade com o produtor. Dados recolhi- nização de todos os espaços de isolamento dos
dos na exploração e através do inquérito epide- animais positivos de acordo com a legislação em
miológico incluíram: Data de colheita de amostras vigor, certificado pelo médico veterinário da explo-
de sangue; Número de Identificação Animal; Ida- ração. À data de término deste estudo, quase dois
de e Sexo de todos os animais; Caracterização anos após o início do surto, a exploração ainda
do sistema produtivo da exploração e Assistência apresentava novos casos de seropositividade, sem
veterinária; Estatutos sanitários da exploração; previsão de data para erradicação da doença.
Origem e difusão da infeção de ou para outras
explorações a partir de dados de movimentações Prevalência de Brucelose no efetivo
animais dos últimos doze meses; Explorações A exploração registou uma perda de 97 ani-
epidemiologicamente ligadas (entre as quais haja mais resultante de diagnóstico de brucelose po-
circulação de animais); Atividades sanitárias, no- sitivo enquanto este estudo durou. Em T2, após
meadamente testagens oficiais, desparasitações a saída do primeiro animal positivo, não se verifi-
e vacinações. cou qualquer animal positivo à testagem. Em T3,
Este estudo teve lugar entre março 2018 e fe- um novo caso positivo foi identificado, o qual o
vereiro 2020, data à qual a exploração ainda não laboratório registou como “prejudicado” devido a
tinha readquirido o estatuto de oficialmente livre condições não ideais da amostra. Dado isto, não
de brucelose. se procedeu ao abate imediato do mesmo animal,
sendo o mesmo retestado novamente com todo o
Análise de dados efetivo 60 dias depois. A Tabela 3 mostra o núme-
Os dados foram tratados e analisados através ro de colheitas realizadas e testadas, o número
de estatística descritiva e inferencial, com recurso de casos positivos em cada testagem (T1 a T12)
a SPSS v.24.0. Foi calculada a prevalência de durante este estudo e a prevalência de Brucelose
Brucelose com base no número de amostras po- no efetivo.
sitivas sobre o número de amostras testadas. Num total de 2239 amostras testadas, 97 re-
Uma análise descritiva da distribuição de animais sultaram em seropositividade a Brucelose, o que
no efetivo, do número de animais testados positi- indica uma prevalência média de 4,3 ± 6,2% de
vos, da idade e do sexo dos animais, foi levada a Brucelose no efetivo. A prevalência pontual nos
cabo com recurso a frequência absoluta, percen- meses de testagem variou entre 0% e 24,1% (Fi-
tagem, média e desvio-padrão. Foi aplicado o gura 1).
teste da normalidade de Kolmogorov-Smirnov a
todas as variáveis do estudo. A variável Idade Relação entre Idade e seropositividade
apresentava uma distribuição de normalidade e As idades dos 295 animais testados (Tabela
foi analisada com recurso ao teste de T-student. 4) estavam compreendidas entre 1 mês (<1 ano)
As variáveis Sexo e Mês de testagem foram ana- e 203 meses (aprox. 17 anos) com uma média de
lisadas com recurso a testes não-paramétricos e 64,0 ± 52,5 meses (5,3 ± 4,4 anos).
foram analisadas com recurso ao teste de Mann- A Figura 2 apresenta a distribuição do número
2
-Witney e teste de Qui-Quadrado (χ ). O intervalo de testagens em relação à idade dos animais. É
de confiança utilizado foi de 95% (p<0.05). de realçar que 1186 (53%) das amostras recolhi-
das foram feitas a animais entre os 6 e 48 meses,
muitos dos quais eram fêmeas que ainda não ti-
Resultados nham iniciado a sua função reprodutiva.
A Figura 3 e Tabela 4 mostram que a média
Medidas de controlo implementadas para de idade dos bovinos seropositivos (74,8 ± 44 me-
conter surto de Brucelose ses) foi superior comparada com a média de ida-
Neste surto, as medidas de controlo implemen- de de bovinos seronegativos (63,5 ± 52,8 meses)
tadas incluíram o isolamento e abate sanitário dos e que esta diferença foi estatisticamente signifi-
animais positivos, num total de 97 animais ao longo cativa (p=0,001). É de notar que o animal mais
dos 23 meses do estudo; retestagem periódica a jovem que testou positivo tinha 7 meses de idade
cada intervalo entre 30 e 60 dias; vacinação do e o animal mais velho tinha 171 meses (14 anos)
efetivo feminino com mais de quatro meses de ida- de idade.
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