Page 25 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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plemento (CFT),  Ensaio de imunoabsorção        de 27 de setembro - estabelece as normas técni-
            enzimática (ELISA), Teste de polarização fluores-  cas de execução do Programa de Erradicação da
            cente (FPA),  Interferão-Gamma (IFN-γ),  Teste   Brucelose (PEB), bem como os procedimentos
            cutâneo de brucelina (BST), o qual na ausência   relativos à classificação sanitária de efetivos e
            de vacinação, é considerado um dos testes mais   áreas e à consequente epidemiovigilância da
            específicos (OIE, 2022). A maior parte dos testes   doença; Decreto-lei nº 142/2006 de 27 de Julho
            não possui uma perfeita combinação de sensibi-  – onde é criado o Sistema Nacional de Informa-
            lidade e especificidade, por isso é normal a asso-  ção e Registo Animal (SNIRA) e estabelece o re-
            ciação de mais testes para melhorar a credibilidade   gime  jurídico  dos  centros  de  agrupamento,
            da deteção (Garin-Bastuji et al., 2006).        comerciantes e transportadores e as normas de
               Em Portugal, os testes oficiais utilizados para   funcionamento do Sistema De Recolha De Cadá-
            rastreio e confirmação da doença em animais são   veres De Animais mortos na exploração (SIRCA);
            o Teste de Rosa Bengala e Teste de fixação de   e Manual de Apoio às estratégias de Controlo da
            complemento, respetivamente (DGAV, 2019).       Brucelose Bovina no âmbito do plano de erradi-
               Em unidades epidemiológicas, onde vacinas    cação da Brucelose Bovina da Direção Geral de
            atenuadas contra Brucella spp. são utilizadas, de-  Veterinária (agora DGAV) em novembro de 2008.
            pendendo da dose e via de administração usada,   As classificações sanitárias são as seguintes (Ta-
            podem ocorrer reações serológicas positivas entre   bela 2): B1 – Situação desconhecida (efetivo nun-
            os animais vacinados devido às reações cruzadas   ca testado); B2 – Foco  de  Brucelose (não
            com a estirpe infetante. Por outro lado, em testes   indemne); B3 – Exploração livre de brucelose mas
            de brucelose, um número de bactérias, em particu-  vacinada há menos de 2 anos (indemne); B4 -
            lar Yersinia enterocolitica O:9, pode induzir respos-  Exploração livre de brucelose (oficialmente in-
            tas de anticorpos que causam reações serológicas   demne); B4s – Classificação suspensa (por
            como falsos positivos (RSFP), afetando a especifi-  incumprimento de procedimentos obrigatórios).
            dade do teste e impedindo um diagnóstico seroló-
            gico preciso (OIE, 2022). Diversas vacinas têm sido
            desenvolvidas para controlar e erradicar Brucelo-  Tabela 2. Classificações sanitárias de Brucelose em vigor
                                                            em Portugal e descrição das suas características. Adaptado
            se, nomeadamente a RB51, S19, S45/20 e SR82     de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/244-2000-561379
            (Dorneles et al., 2015). Em Portugal, apenas pode   (Acedido a 13/04/2022)
            ser utilizada a vacina RB51 (DGAV, 2019), a qual
            não permite a identificação de anticorpos vacinais   Classificação      Descrição
                                                               sanitária
            (biovar rugosa) nos testes oficiais utilizados, ao
            contrário dos anticorpos de campo (biovar lisa)      B1       Situação desconhecida
            (Dorneles et al., 2015; OIE, 2022).                  B2       Foco de Brucelose
               As perdas económicas devido à brucelose bo-
            vina incluem perda de vitelos devido ao aborto,      B3       Exploração livre de Brucelose mas
                                                                          vacinada há menos de 2 anos
            redução da quantidade de leite, refugo de ani-
            mais, restrição de movimentações animais da          B4       Exploração livre de Brucelose
            área afetada, custo das intervenções médicas e                Classificação suspensa (devido a
            custo dos programas de erradicação (Dubie et al.,    B4s      incumprimento de procedimentos
            2014).                                                        obrigatórios)
               O programa de erradicação da Brucelose bo-
            vina foi iniciado em Portugal em 1991, co-finan-
            ciado pela Comissão Europeia. Consiste num         Em casos de seropositividade em animais
            processo que envolve várias entidades, nomea-   num efetivo, as etapas que se seguem incluem a
            damente Direção Geral de Alimentação e Veteri-  realização de um inquérito epidemiológico por
            nária (DGAV), associações regionais, médicos    parte da Direção de Serviços Veterinários Regio-
            veterinários e produtores. Está descrito em diver-  nais (DSVR) que implica a deslocação à explora-
            sas peças de legislação, incluindo entre outras a   ção, uma entrevista ao proprietário, de forma a
            Portaria nº 205/2000 de 5 de Abril – relativo à   determinar a origem da infeção, eventual disse-
            avaliação do sistema em vigor relativo à recolha,   minação em explorações de contacto ou epide-
            transporte e abate sanitário; Despacho conjunto   miologicamente relacionadas, e fatores de risco
            nº 530/2000 de 16 de Maio – relativo às indemni-  possíveis de interferir na evolução da doença.
            zações a atribuir aos proprietários de animais su-  As medidas de controlo a implementar, respon-  N. o  22, Dezembro 2023
            jeitos a abate sanitário; Decreto-lei nº 244/2000   sabilidade das DSVRs, poderão basear-se na re-


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