Page 40 - Revista Anual - Nº19

3.4. LESÕES INFLAMATÓRIAS- PNEUMONIAS

As pneumonias constituem uma importante causa de morte e perdas económicas nas explorações de
bovinos (Panciera e Confer, 2010; Ceribasi et al., 2014). Entre as doenças respiratórias que afetam os
bovinos as pneumonias são as mais frequentes, principalmente em animais jovens (Ames, 1997; Mail-
lard et al., 2006). Os episódios da doença, em geral, ocorrem até os dois anos de idade, (Crowe, 2001)
A pneumonia consiste na inflamação do tecido pulmonar, podendo ser causada por bactérias, vírus,
fungos, parasitas e fatores de stresse que suprimem os mecanismos locais de defesa (Dungworth,
1993; López, 2001; Ceribasi et al., 2014). As pneumonias podem classificar-se de diferentes formas,
nomeadamente quanto à evolução (aguda, subaguda ou crónica), à etiologia, ao tipo de exsudado
(catarrais, fibrinosas, purulentas, hemorrágicas ou necróticas) ou à morfologia (López, 2001). Neste
trabalho optamos por classificá-las, de acordo com o seu padrão morfológico, em broncopneumonia,
pneumonia lobar e pneumonia intersticial. Esta classificação tem em consideração a localização inicial
da lesão e o padrão evolutivo da mesma (Dungworth, 1993).

A broncopneumonia é o tipo de pneumonia mais comum nos animais domésticos que se caracteriza
pelo facto do processo inflamatório ter origem na junção bronquíolo-alveolar e localizar-se geralmente
nas regiões craneoventrais dos pulmões. Está relacionada com a entrada do agente causal por via ae-
rógena e a sua dimensão depende da relação entre a intensidade da agressão/virulência do agente e da
eficácia dos mecanismos locais de defesa (Dungworth, 1993; López, 2001; Caswell e Williams, 2007).
As principais causas de broncopneumonia são as bactérias, particularmente as pertencentes aos gé-
neros Pasteurella e Trueperella. Estão geralmente associadas a factores predisponentes, tais como
determinadas particularidades anatómicas e fisiológicas dos bovinos, a diminuições das defesas pro-
vocadas por infecções virais e outros factores de stresse ambiental (Dungworth, 1993; Kennedy e
Andrews, 1997).
Macroscopicamente nas broncopneumonias observa-se uma consolidação irregular das regiões cra-
nioventrais dos pulmões, com maior envolvimento dos lobos cranial e intermédio. As áreas afetadas
apresentam uma coloração que varia entre o vermelho escuro e o cinzento, dependendo da idade e
natureza do processo. Quando o processo inflamatório é grave pode envolver a pleura, que apresenta
exsudado fibrinoso ou fibrinopurulento. Nas broncopneumonias catarrais (Figura 4) e purulentas (Fi-
guras 5 e 6), ao corte dos lóbulos afetados observa-se material mucoso, mucopurulento ou purulento
(Caswell e Williams, 2007).
A resolução das broncopneumonias em ruminantes é frequentemente incompleta, havendo nos bovi-
nos a tendência a desenvolver broncopneumonias ou bronquiectasias supurativas crónicas, abcedação
ou sequestro (Dungworth, 1993).

A pneumonia lobar resulta de broncopneumonias de evolução fulminante, verificando-se o envolvi-
mento completo ou parcial, de um ou mais lobos, de forma difusa e uniformemente consolidada (Fi-
gura 7) (Caswell e Williams, 2007). Nos casos de Pasteurelose e Peripneumonia Contagiosa Bovina

Figura 4 – Pulmão de bovino Figura 5 – Pulmão Figura 6 – Carcaça de bovino
– Broncopneumonia Catarral de bovino – Broncop- – Broncopneumonia
(Fontes, 1997). neumonia Purulenta e pleuresia Fibrinopurulenta
(Fontes, 1997). (Fontes, 1997).
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