Page 41 - Revista Anual - Nº19
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Figura 7 – Pulmão de bovino – Pneumonia Lobar (Vales, 1999).





                                               a hepatização não é uniforme, observando-se lesões com di-
                                               ferentes colorações de acordo com a idade do processo. Um
                                               caso típico de pneumonia lobar é a pneumonia por Mannheimia
                                               haemolytica, geralmente associada a animais sujeitos a trans-
                                               porte recente e a infeções virais associadas (Dungworth, 1993).

            A pneumonia intersticial caracteriza-se por uma lesão difusa nos septos alveolares, envolvendo so-
            bretudo as regiões dorsocaudais do pulmão (Caswell e Williams, 2007).
            A patogenia de pneumonia intersticial é complexa e pode resultar de lesão do epitélio alveolar com
            origem aerógena (por inalação de gases e fumos tóxicos ou infeção por vírus pneumotrópicos), ou de
            lesão dos capilares alveolares com origem hematógena (no caso de septicemias, coagulação intra-
            vascular disseminada, microembolismos, migrações parasitárias, toxinas absorvida do trato digestivo,
            metabolitos tóxicos produzidos no pulmão ou infeção por vírus endoteliotrópicos) (López, 2001).
            No exame post mortem de animais com pneumonia intersticial os pulmões apresentam lesões am-
            plamente distribuídas pelos pulmões, que geralmente envolvem todos os lobos pulmonares ou como
            referido, em alguns casos são mais comuns nas regiões dorsocaudais do pulmão (Dungworth, 1993;
            López, 2001). Para além destas características os pulmões com pneumonia intersticial não colapsam
            após a abertura da cavidade torácica, apresentam por vezes as impressões costais na superfície pleu-
            ral e geralmente não se observam exsudados, excepto nos casos em que está associada pneumonia
            bacteriana secundária (López, 2001).
            De acordo com o Regulamento (CE) nº 854/2004, anexo I, secção II, Capítulo V, as carnes provenien-
            tes de animais afetados por uma doença generalizada, como septicemia, piemia, toxemia ou viremia
            devem ser consideradas impróprias para consumo. A observação de qualquer sinal de alteração sisté-
            mica a nível das vísceras, especialmente no fígado, rins e linfonodos da carcaça, implicam a reprova-
            ção total da carcaça (Collins e Huey, 2015).
            Segundo o codex alimentarius (F.A.O./W.H.O.), pneumonias extensas, broncopneumonia purulenta,
            pneumonia gangrenosa, necrótica ou qualquer forma aguda levam a reprovação total. As pneumonias
            subagudas conduzem à reprovação dos pulmões e aprovação das restantes vísceras e carcaça.

            3.5. ALTERAÇÕES DE ORIGEM PARASITÁRIA

            A dictiocaulose do gado bovino, também conhecida por estrongilose respiratória ou pneumonia vermi-
            nosa, é um processo frequente em bovinos jovens produzidos em regime extensivo e é causado por
            Dictyocaulus viviparus (Diez Baños et al., 2000; Garcia, 2003; López, 2001).
            No exame ante mortem geralmente não se detetam sinais clínicos. No entanto, em infeções massivas po-
            demos observar corrimento nasal, dispneia, tosse ou outras manifestações respiratórias (Garcia, 2003).
            A presença das formas adultas do parasita na traqueia e brônquios, sobretudo nos lobos diafragmáti-
            cos tem uma ação obstrutiva e irritativa, acompanhada de intensa produção de muco esbranquiçado
            (Diez Baños et al., 2000; López, 2001). Assim, durante o exame post mortem podemos observar uma
            traqueobronquite exsudativa, com a presença dos nematodes e ainda edema, atelectasia, confinada
            aos lóbulos pulmonares ventilados pelos brônquios obstruídos, e enfisema intersticial resultante dos
            movimentos expiratórios forçados, devidos á obstrução de pequenos brônquios. Podemos ainda obser-
            var nos pulmões, em fases tardias da infeção, nódulos acinzentados (López, 2001; Gracey et al., 1999).
            A identificação destas lesões no exame post mortem, como lesões únicas, determina apenas a repro-
            vação dos pulmões (Collins e Huey, 2015). Sempre que os animais se encontrem emaciados deve
            proceder-se à reprovação total da carcaça e respetivas vísceras (Regulamento nº 854/2004, anexo I,
            secção II, Capítulo V).

            4. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES OBSERVADAS NO CORAÇÃO

            Neste trabalho referir-nos-emos às lesões mais observadas no coração, durante a inspeção post mor-  Novembro 2017
            tem no matadouro.

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