Page 8 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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Leite e Lacticínios, Lousada) para análise. As con- ≥ 200000 cels/ml). Como efetuado por outros au-
centrações de BHB no leite (mmol/l) são determi- tores (Ospina et al.,2010a), a variável BHB foi con-
nadas individualmente através de Fourier transfor‑ siderada nominal e divida em duas classes (Sim/
med infrared (FTIR; FTIR MilkoScan FT6000, Não), bem como em escalões (<0,10 mmol/l; 0,10-
Foss Electric, Hillerod, Denmark). Amostras com -0,14 mmol/l; >0,14 mmol/l) para poder avaliar as
resultados de BHB maiores ou iguais a 0,10 mmol/l correlações de diferentes níveis de BHB com saú-
são consideradas positivas (Viña et al., 2017). Os de do úbere e produção de leite. O número total
resultados são armazenados pela ABLN. Foram de vacas contrastadas na mesma data e na mes-
recolhidos retrospetivamente os dados relativos ma exploração foi recolhido e alinhado com cada
aos primeiros contrastes leiteiros de cada lactação. um dos 320211 valores de BHB observados entre
Os dados foram compilados em suporte Excel os 5 e os 25 DEL. O nº de animais em contraste
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(versão 365), totalizando 495559 lactações. Estu- na exploração na data respetiva foi utilizado como
dos anteriores demonstraram uma forte correla- medida aproximada da dimensão da exploração,
ção entre DEL ao teste e a prevalência de Cetose para efeitos de investigação do potencial efeito
(Cainzos et al., 2016) e, seguindo as recomenda- deste fator na incidência de cetose, e como tal foi
ções de Renaud et al. (2018), as amostras com atribuído um quartil de tamanho de exploração a
DEL>25 dias foram excluídas (n=171494) desta cada lactação analisada: 1º Quartil <50 animais,
análise. Por último, a base de dados não continha 2º Quartil 50 -84 animais, 3º Quartil 85 -194 ani-
valores de BHB em algumas das amostras, pelo mais, 4º Quartil ≥ 195 animais. A prevalência de
que foram retiradas da base de dados as análises cetose em diversos períodos foi calculada através
de 3854 lactações. A base de dados final, utilizada de estatísticas descritivas; para investigar as pos-
como população base para toda a análise, consis- síveis associações entre cetose e potenciais fato-
te de 320211 lactações, analisadas entre os 5 e os res de risco, foram desenvolvidos modelos multi-
25 DEL, pertencentes a 191994 animais, presen- variáveis, usando o software de estatística JMP
®
tes em 1276 explorações. 15 (SAS Institute Inc., Cary, NC). Foi usado o
A identificação das explorações e vacas foi co- nível de p<0,05 para identificar resultados estatis-
dificada garantindo o anonimato. Para os registos ticamente significativos.
de BHB do primeiro contraste de cada lactação,
foram recolhidos os seguintes dados: código de
identificação da exploração de registo, código de Resultados
identificação da vaca, data de nascimento da
vaca, data de parto da referida lactação, data de A presente base de dados inclui 320211 lacta-
primeiro contraste dessa lactação, sexo do vitelo ções pertencentes a 1276 explorações de leite em
nascido (se parto singular), número de vitelos nas- Portugal continental. Do total de lactações obser-
cidos, número da lactação, e produção de leite em vadas, 33% foram primeiras lactações, 27% fo-
Kg, valor de BHB (mmol/L) e contagem de células ram lactações subsequentes ao segundo parto e
somáticas (CCS; nº células somáticas X1000/ml). 40% das observações corresponderam a ≥3.ª
Adicionalmente foram calculadas outras variáveis lactações. Há partos ao longo de todo ano (Tabe-
para melhor investigar os fatores de risco para ce- la 1). A idade média ao primeiro parto foi de 26,6
tose: para lactações de primíparas, idade ao pri- (± 3,8) meses, com 25% das primíparas a terem
meiro parto, dividida por categorias (<24 meses; uma idade ao primeiro parto <24 meses, 38% en-
24 -27 meses; >27 meses), para lactações de mul- tre 24 e 27 meses e 37% acima dos 27 meses.
típaras intervalo entre partos (IEP) dividido em A média de IEP (n=213155) foi de 422,8
categorias (≤480 dias; >480 dias), estação do par- (±105,6) dias, com 39% das vacas a terem um
to e mamite subclínica no primeiro contraste (CCS intervalo entre partos classificado como longo
Tabela 1. Distribuição dos partos pelas estações do ano
Estação do parto N %
Primavera 75236 23,50%
Inverno 79356 24,78%
Outono 87627 27,37%
Verão 77992 24,36%
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