Page 8 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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efetivo e eu acompanhei sempre esse trabalho de
perto. Sempre admirei as vacas. Hoje, para além
de ser veterinário, também sou produtor e gosto
de ficar a olhar para as vacas a pastar, tocar‐lhes
e admirá-las.
Gonçalo Rosa: A paixão e o gosto pelos ani-
mais cresceram sempre comigo, em especial pe-
los bovinos. O meu pai é produtor de carne, o meu
avô era produtor de leite, e desde criança acom-
panhei-os na lavoura. O interesse em ser veteri-
nário intensificou-se no secundário, após visualizar
uma entrevista feita pela RTP Açores à colega
Catarina Manito, na altura única médica veteriná- Figura 4. Administração intramuscular no campo, a novilha
ria da Associação de Agricultores da Ilha do Pico. charolesa.
Não conseguia responder a todas as solicitações.
Até então a minha cabeça estava virada para fi-
sioterapia ou medicina desportiva. RPB: Essa
apetência pela fisioterapia e medicina despor-
tiva ainda hoje o acompanha? Há tempo para
o desporto, como hobby? Gonçalo Rosa: Não.
Ficou para trás esse objetivo. A Medicina Veteri-
nária foi a escolha certa e preenche-me por com-
pleto. Para o desporto não tem havido tempo.
Com o nascimento dos meus dois filhos não con-
sigo arranjar tempo. Para a pesca sim. Quando
posso vou ao mar.
Marina Oliveira: Sempre vivi no meio dos ani- Figura 5. Colheita de sémen e exame andrológico na pri-
mais, nomeadamente as vacas, que são a princi- meira recolha de sémen realizada pela equipa MV da AAIP.
pal fonte de rendimento da minha família. Desde
cedo criei uma relação de proximidade com elas
e com os cavalos também. Por isso, quando tive
de escolher o que fazer profissionalmente, foi fácil
optar por um curso que me desse oportunidade
de tratar dos animais que mais gosto.
RPB: Pensa que essa dupla participação na
produção pecuária, como médico(a) veteriná-
rio(a) e como produtor(a) lhe dá uma perspe-
tiva mais ampla do que se espera do médico
veterinário? Se sim, como?
Ana Manuela Azevedo: Sim, sem dúvida.
Aquilo que os produtores esperam de mim en-
quanto médica veterinária é aquilo que eu procuro
ser e estar na minha exploração, tendo maior no-
ção dos problemas e necessidades com os quais
os produtores se debatem diariamente.
Dário Bettencourt: Sim, consigo ter uma me-
lhor perspetiva a nível de maneio, das dificuldades
do produtor e, principalmente, a nível económico.
O veterinário de grandes animais, ao contrário da
realidade dos pequenos animais, tem de encon-
trar o equilíbrio entre o valor sentimental, o bem-
-estar animal e o valor económico de cada animal.
Por vezes não é fácil, temos de analisar muito Figura 6. Exame andrológico: contagem, mobilidade e mor-
bem o custo-benefício de alguns tratamentos. fologia microscópica dos espermatozoides.
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