Page 5 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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Editorial
C omeço já por assumir que este Editorial será mais pessoal que os anteriores que
escrevi. Mas são estas as palavras que sinto que hoje devo aqui escrever.
Para a Associação Portuguesa de Buiatria, este ano fica marcado pela perca do
seu fundador. E nestes momentos de perda é inevitável fazermos balanços. Quando alguém
da dimensão do Professor Cannas da Silva enfrenta o fim, percebemos o quanto isso é
inevitável e refletimos se estamos a aproveitar a dádiva que temos, de Viver, como ele o
fez, intensamente, servindo a sua comunidade e sendo um exemplo a seguir.
A nossa profissão é desafiante, em alguns momentos muito dura, nunca fácil. Quando
tudo se parece compor, aparece uma doença nova, uma lei nova, um tratamento novo, um
chefe novo, clientes mais exigentes, colegas novos e lá temos que reaprender e reiniciar.
Apesar disso tudo, e também graças a esses reptos constantes, pessoalmente, não trocava
a minha profissão por outra. Adoro ser médico veterinário.
Mas não tem que ser mais difícil do que já é. Frente a novos desafios, cada um de nós
deve pensar como pode contribuir para que a comunidade da qual fazemos parte melhore.
Um exemplo dos novos desafios que sempre enfrentamos é a nova legislação aplicável à
prescrição e utilização dos medicamentos veterinários, principalmente dos antimicrobianos.
Pede-se a todos bom senso e responsabilidade. Aos colegas clínicos, o perceberem que
a resistência antimicrobiana é um desafio para a saúde humana e animal que não podemos
perder. As coisas não podiam ficar como estavam. Temos que mudar alguns procedimentos,
devemos mudar alguns procedimentos. À tutela, perceberem que a burocratização exces-
siva de procedimentos, sem meios e sem a necessária formação, não resulta, podendo
piorar ainda mais a situação. Da nossa parte continuamos a trabalhar, incansavelmente,
para que se encontre um compromisso entre as necessidades de cumprir a legislação
europeia e proteger a Saúde Pública, ao mesmo tempo que sejam dadas condições aos
buiatras para que continuem a fazer o seu trabalho cada vez melhor, como, de uma maneira
geral, quase todos o têm feito. Para tal, cada Médico Veterinário deve ser um exemplo de
responsabilidade social, de profissionalismo, de competência e, sempre, de honestidade.
Na DGAV, nas OPP, nas clínicas, onde estiverem.
Espero que os colegas buiatras gostem e usufruam deste número da nossa Revista.
E desafio, mais uma vez, a que enviem os vossos trabalhos para publicação. Só assim,
trabalhando em conjunto, partilhando e debatendo o que cada um sabe e sente na profis-
são, honesta e lealmente, podemos, todos, aspirar a ser cada vez melhores médicos
veterinários buiatras.
Miguel Quaresma
Editor Principal
N. o 22, Dezembro 2023
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