Page 11 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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quando precisamos de ajuda ou alguma opinião
clínica. Temos a sede num dos concelhos mais
centrais da ilha, São Roque, onde trabalham os
nossos colegas engenheiros e técnicos, que com-
pletam a equipa.
RPB: Quais os maiores desafios e dificulda-
des que um médico veterinário buiatra tem que
enfrentar nas condições em que trabalham?
Ana Manuela Azevedo: Sinto que o maior
desafio serão as condições meteorológicas, so-
bretudo no inverno.
Dário Bettencourt: Para mim, a maior dificul-
dade é o clima, muito chuvoso e ventoso. Traba-
lhar ao ar livre, em determinados dias, de inverno,
é muito duro. Outra dificuldade é o facto de ser-
mos insulares; nem sempre temos o material de
trabalho disponível na ilha e a sua aquisição, por
vezes, torna-se morosa.
Gonçalo Rosa: O maior desafio para mim tal-
vez seja o de conseguir cuidar sempre bem dos
animais e, com isso prestar um bom serviço aos
clientes, de forma a deixá-los agradados, sabendo
das dificuldades que estão inerentes à atividade de
Figura 12. Cesariana em novilha primípara da raça Fleckvieh. veterinário de campo. Por vezes muitas horas de
condução, noites “mal dormidas”, cansaço acumu-
lado, falta de condições de trabalho. Nem sempre
temos as condições necessárias para otimizar os
nossos procedimentos. Portanto talvez a minha
maior preocupação seja perceber se consegui fazer
o melhor que podia e sabia com aquele animal.
Marina Oliveira: Uma das maiores dificulda-
des é trabalhar com condições climatéricas ad-
versas. Nos dias de muita chuva e vento o trabalho
no campo é mais dificultado. A ilha não é assim
tão grande, mas por vezes as distâncias percor-
ridas entre explorações também ocupam algum
do nosso tempo de trabalho.
Figura 13. Carrinha de serviço dos Médicos Veterinários RPB: Como se poderiam minorar esses
da AAIP.
problemas, na sua opinião?
Ana Manuela Azevedo: Esses problemas po-
trabalhar com os animais, ou nem sempre os con- diam ser minorados pela implementação de ma-
seguimos trazer ao curral, devido ao distancia- ternidades, sendo melhor para os animais,
mento das parcelas a este. Para mim essa é a produtores e médicos veterinários, uma vez que
maior dificuldade. Obriga-me muitas vezes a pôr no inverno, a nossa principal área de atuação é a
em risco a minha integridade física ou exigir mais obstetrícia e doenças neonatais.
cuidados em certos procedimentos, para além de Dário Bettencourt: Em relação ao clima não
impossibilitar a implementação de alguns (p/ex. podemos controlar, temos uns anos melhores e
esquemas vacinais, tecnologias reprodutivas). O outros piores. Quanto ao material, conseguimos
maneio assim, no Pico, torna-se complicado. combater a insularidade fazendo uma boa gestão
Marina Oliveira: Somos uma equipa de 4 mé- de stock, mas por vezes temos a validade dos
dicos veterinários, e cada um trabalha individual- produtos contra nós.
mente em regime de ambulatório, mas é sempre Gonçalo Rosa: Penso que se podia investir N. o 22, Dezembro 2023
fácil a comunicação com os colegas mais velhos, mais em infraestruturas para facilitar o maneio
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