Page 54 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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A decisão inicial foi a de não se avançar para   O animal ficou em decúbito esternal, tendo sido
            qualquer procedimento e/ou tratamento. No en-   mantida a cabeça levantada por um auxiliar, o que
            tanto, perante o desânimo do proprietário e a ne-  permitiu uma melhor exposição do campo cirúrgico.
            cessidade de se obter uma solução para manejar   Não foi necessário qualquer tipo de anestesia local.
            o animal, procedeu -se a uma pesquisa bibliográ-   Usando uma lâmina de bisturi avivaram -se os
            fica sobre este tipo de situações  e  decidiu -se   bordos da ferida inicial, removendo -se de ambos
            avançar com a reconstrução cirúrgica recorrendo   os bordos uma fina camada do tecido de granu-
            à técnica de Nasolabioplastia descrita por Mat-  lação já formado. Criaram -se assim duas super-
            thaeus Stöber (Stöber, 1988).                   fícies frescas, em forma de trapézio que, após 1
               Assim, no dia 26 de fevereiro de 2021, 39 dias   ou 2 tentativas, se ajustaram perfeitamente. Fo-
            após a lesão inicial, constatou -se que já havia   ram avivados também os bordos do septo para
            ocorrido uma cicatrização significativa da lesão,   promover nova cicatrização (Figura 1).
            mas que ainda existia margem suficiente para se    Para a sutura foi usado fio de poliamida não
            proceder à aproximação dos bordos da ferida.    absorvível (Supramid USP 3), dobrado, e uma
                                                            agulha em “S”, de 13 cm, com secção triangular.
                                                            A ferida foi suturada com dois pontos em “U” se-
            Materiais e Métodos                             parados, que juntaram os bordos superior e infe-
                                                            rior do focinho rasgado.
               A cirurgia foi realizada com o animal aneste-   As porções livres do fio de sutura foram pas-
            siado, injetando -se por via intramuscular 8 ml de   sadas por dentro de tubos de plástico, que foram
            Nerfasin® 2% (20 mg/ml de xilazina) e 16 ml de   cortados no tamanho desejado. Neste caso, os
            Ketamidor® (100 mg/ml de cetamina). Estas são   pequenos tubos eram porções de um antigo sis-
            as doses recomendadas, de forma rotineira, na   tema de venóclise de alto débito. Com estes tubos
            prática clínica –1 ml de Nerfasin® por 50 kg/pv e   de plástico pretendeu -se evitar a necrose dos te-
            1 ml de Ketamidor® por 25 kg/pv. A administração   cidos do nariz devido à tensão dos pontos de su-
            intramuscular permite um tempo de sedação/      tura ou ao edema da ferida. No tubo plástico su-
            anestesia mais prolongado (DGAV, s.d.).         perior, para permitir um ajustamento mais correto








































            Figura 1. Avivamento dos bordos da ferida e passagem dos   Figura 2. Uso de tubos de plástico para proteger os tecidos.
            fios de sutura.

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