Page 34 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22

Gráfico 6. Comparação dos valores das CCS no leite ao longo de toda a evolução
da mamite por S. uberis e posterior terapêutica.

Por fim, com vista a obter um panorama geral rapia apenas IMM com duração de sete dias
da evolução da infeção por S. uberis, desde os 4 (54,5%). Estudos que visam a comparação da
meses anteriores à mamite até ao fim do tratamen- aplicação de terapêutica local com sistémica para
to, foi elaborado um diagrama de extremos e quar- S. uberis indicam que não existe realmente uma
tis (Gráfico 6). Assim, é possível constatar que, na diferença significativa, quanto à taxa de cura ob-
totalidade, após a terapêutica verificou -se uma tida, entre ambos os tipos de terapia (Hillerton e
diminuição significativa das CCS, sendo a media- Kliem 2002; Sérieys et al. 2005; Sandgren et al.
na ainda menor do que a encontrada no mês an- 2008; Kalmus et al. 2014).
terior ao diagnóstico da mamite (204 500 CS/ml < A taxa obtida com a terapêutica de sete dias
388 000 CS/ml). Também se observa a existência vai, então, de encontro ao que está descrito em
de uma assimetria positiva após terapêutica, bem relação a S. uberis, como Pyörälä (2009) que su-
como uma grande diminuição no valor máximo e gere tratamentos prolongados; Hillerton e Kliem
na dispersão dos valores em relação aos verifica- (2002) que demonstram que uma terapêutica IMM
dos no mês anterior ao diagnóstico. de penetamato (pró -fármaco que liberta benzilpe-
nicilina por hidrólise) com estreptomicina, num
período de seis dias, obtém resultados de 100%
Discussão de cura subclínica e Constable et al. (2017) que
sugere igualmente tratamentos prolongados, de
A pesquisa efetuada com vários protocolos cinco a oito dias, com utilização de penetamato
terapêuticos à base de benzilpenicilina procaínica IMM, a cada 24 horas. Também o facto da benzil-
IMM visa averiguar protocolos que possam ser penicilina procaínica ser um antibiótico de ação
eficazes e rentáveis para o produtor. Os resulta- prolongada e, portanto, tempo -dependente, po-
dos obtidos indicam que a terapia com duração derá ser uma vantagem neste protocolo, pois per-
de cinco dias associada a ampicilina IM apresen- mite uma ação inibitória com maior eficiência
tou uma taxa de cura mais elevada (57,1%) que os quando utilizada por longos períodos. A baixa
protocolos alternativos. Neste protocolo, a asso- taxa de cura subclínica encontrada na terapia
ciação da administração IM visa uma maior pene- IMM com duração de apenas cinco dias (25%)
tração no parênquima mamário (Pyörälä 2009), corrobora também a necessidade de um trata-
tendo sido aplicado com o intuito de proporcionar mento mais prolongado. Porém, tanto a paridade
uma maior taxa de cura, uma vez que o agente como os dias em leite de cada animal podem ter
procede à colonização do mesmo. Todavia, os tido alguma influência nas taxas obtidas. Deste
resultados obtidos não demonstraram grande modo, na terapêutica combinada, talvez um pro-
vantagem com esta associação, já que a taxa de longamento do protocolo para sete ou oito dias
cura subclínica verificada foi semelhante à da te- seja o ideal para atingir uma taxa de cura subclí-

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