Page 29 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 22
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(IMM) procaine benzylpenicillin, with different durations and to know the advantage of associating a
            systemic antibiotic, in this case ampicillin.
               Milk samples from cows with signs of mastitis from dairy farms belonging to Proleite were collected.
            All infections microbiologically identified with S. uberis were subjected to one of the three therapeutic
            protocols under study: procaine benzylpenicillin IMM for seven days, a combination therapy with intra-
            muscular ampicillin for five days and another one with only IMM administration for five days. Thus, it was
            shown that both, the combination therapy (57,1%) and the seven -day IMM treatment (54,5%), had a
            reasonable cure rate. The animal’s productive stage may have some influence on the cure rates achieved,
            as verified by only 42,1% of the multiparous cows achieving the clinical cure. The duration of these infec-
            tions may also have been a limitation, since only 35,7% of the cows with prolonged IMI showed a clinical
            cure. A reduction in the somatic cells present in the milk of the affected cows after treatment was detected,
            however these remain in high values.

            Key words: Streptococcus uberis, procaine benzylpenicillin, ampicillin, mastitis, therapy.





            Introdução                                      apresentam maior vulnerabilidade (Jayarao et al.
                                                            1999; Zadoks et al. 2001; Kromker et al. 2014); o
               As perdas económicas nas explorações leitei-  histórico de mamite, já que quando existem epi-
            ras devem -se maioritariamente a mamites (Go-   sódios de mamite anteriores por qualquer agente,
            mes et al. 2016), tendo sido implementadas várias   mesmo após cura, existe um maior risco de infe-
            medidas de controlo das mesmas, que resultaram   ção por esta bactéria (Lopez -Benavides  et al.
            num declínio da sua incidência. Uma correta rotina   2007), e as condições de pastagem, áreas som-
            de ordenha, o tratamento desta doença com re-   brias, com má drenagem, lamacentas e com ele-
            curso a antibióticos e o refugo de animais persis-  vado aglomerado de animais, representam um
            tentemente infetados, reduziu substancialmente a   risco superior (Constable et al. 2017).
            carga microbiana do leite no que toca a agentes    De forma a obter acesso à glândula mamária,
            contagiosos, diminuindo, assim, o risco de novas   colonizar o tecido e ficar aderente ao mesmo, S.
            infeções. Porém, o controlo de mamites de carác-  uberis desenvolveu vários fatores de virulência
            ter ambiental continua a ser um desafio (Bradley   que lhe permitem resistir aos mecanismos inatos
            2002; Constable et al. 2017; Wente et al. 2019).  de defesa do organismo e a tentativas de elimi-
               Streptococcus uberis é um agente patogénico   nação. No processo de estabelecimento da infe-
            ubiquitário no ambiente das vacas sendo, portan-  ção, este agente recorre à internalização nas
            to, considerado ambiental. Contudo, existem de-  células epiteliais mamárias através da formação
            terminadas estirpes que se comportam como       de hialuronidase livre (Kromker et al. 2014) e atra-
            contagiosas (Archer et al. 2017; Klaas e Zadoks   vés da presença na sua superfície celular de ati-
            2018). É encontrado, fundamentalmente nas ca-   vadores de plasminogénio específicos e de mo-
            mas de palha, um substrato orgânico favorável à   léculas de adesão de S. uberis (SUAM; Leigh
            sua replicação, tendo sido também isolado em    1999; Khan et al. 2003; Patel et al. 2009; Shome
            várias partes do corpo da vaca (boca, vulva, tetos,   et al. 2012). Estes mecanismos permitem, assim,
            pele do abdómen e feridas), assim como no solo   atingir uma localização intracelular que propor-
            e pastagens (Zadoks et al. 2003; Pullinger et al.   ciona uma evasão ao sistema imunitário e tam-
            2006; Klaas e Zadoks 2018). Os períodos mais    bém a alguns procedimentos antimicrobianos.
            suscetíveis a infeção por S. uberis são o periparto   Após colonização, esta bactéria desempenha
            e a secagem (Lopez -Benavides et al. 2007), uma   igualmente técnicas de defesa contra a sua eli-
            vez que existem alterações nas secreções mamá-  minação. Uma delas é a formação de cápsulas
            rias, o agente possui capacidade para se agregar   de ácido hialurónico (Segura e Gottschalk 2004)
            às lactoferrinas existentes no úbere nesta altura   e outra o facto de possuir capacidade para for-
            e o sistema imunitário do hospedeiro está com-  mação de biofilme (Gomes et al. 2016). Quanto à
            prometido (Blowey e Edmondson 2010; Constable   patogenicidade, este agente é portador do deno-
            et al. 2017). Entre os vários fatores de risco para   minado “fator uberis” (Khan et al. 2003), que lhe
            este tipo de infeções estão a idade dos animais,   confere a capacidade de proceder a hemólise   N. o  22, Novembro 2021
            sendo que vacas com mais de quatro lactações    (Segura e Gottschalk 2004).


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