Page 54 - Revista Portuguesa de Buiatria - Nº 23
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fluenciavam a sua variabilidade. Por último, foram IEP_1 (p<0,001). Por outro lado, as variáveis
ainda estudados apenas os primeiros registos de “sexo” e “raça” da cria não se revelaram significa-
IEP (IEP_1) de cada fêmea, observados no mes- tivas para o parâmetro em estudo (p<0,1039 e
mo período (2011-2020) e no mesmo conjunto de p<0,1184, respetivamente).
quatro criadores objeto desde trabalho. Os fato-
res ambientais incluídos nestas análises dos IEP Idade ao parto
resultaram da informação sistematicamente re- No Gráfico 1 verificou-se que as reprodutoras
colhida e informatizada pela ACBRA no âmbito mais jovens tendiam a ter IEP superiores, e que
do programa de melhoramento genético da raça este intervalo tendia a diminuir com o avançar da
bovina Alentejana. idade até cerca dos 7,6 anos (92 meses), idade
em que as vacas apresentavam o menor valor de
Estimativa de parâmetros genéticos IEP. Todavia, a partir desta idade, o IEP sofria um
e avaliação genética do IEP incremento com o avançar da idade.
Foi realizada a análise dos registos cedidos Esta variação de dias entre o parto e uma
pela ACBRA, entre os anos de 2011 e 2020, para nova gestação, sugere que existem dois grupos
estimar o IEP e os fatores que o influenciam. Es- de animais nas explorações de bovinos de car-
timaram-se os parâmetros genéticos do IEP em ne, que devem ser submetidos a planos de ação
três conjuntos de dados: diferenciados. Um dos grupos inclui as novilhas
de substituição que representam a próxima ge-
– Base de dados (BD) A: todos os IEP; ração de vacas aleitantes do efetivo e, por isso,
– BD-B: todos os IEP exceto o primeiro; deverão ter um tratamento distinto da restante
– BD-C: apenas os registos do primeiro IEP vacada, não podendo ser descuradas as neces-
(IEP_1), obtidos a partir de todos os registos sidades energéticas para todas as funções bio-
de IEP observados em 124 criadores de bo- lógicas, sobretudo as que são imprescindíveis
vinos Alentejanos, entre 2011 e 2020, desig- para a fase de crescimento. Neste grupo, o IEP
nadamente, 84.840 IEP de 21 661 fêmeas da
raça Alentejana, conforme apresentado na
Tabela 1. Com base nos registos destas
21 661 fêmeas e respetivas genealogias,
disponíveis no Livro Genealógico (LG) da
raça bovina Alentejana, construiu-se uma
matriz de parentescos com 35 097 indiví-
duos, atingindo-se um nível de preenchi-
mento razoável das genealogias das fêmeas
incluídas nas análises.
Tabela 1. Informação incluída na estimação de parâmetros
genéticos do IEP dos bovinos da raça Alentejana entre
2011-2020. Gráfico 1. Relação entre a idade ao parto e o IEP médio em
bovinos de raça Alentejana nos quatro criadores estudados
Base de dados BD-A BD-B BD-C
N.º Registo IEP 84 840 71 734 13 106
N.º fêmeas 21 661 19 312 13 106
BD-A – todos os IEP´s; BD-B – IEP´s excluindo IEP_1; BD-C
– IEP_1, n=124 criadores)
Resultados e Discussão
Fatores que influenciaram o IEP
Aquando da análise estatística verificou-se
que as variáveis “idade ao parto”, “idade ao pri-
meiro parto”, “época de parto”, “ano do parto” e Gráfico 2. Relação entre a idade ao primeiro parto e o IEP_1
em bovinos de raça Alentejana nos quatro criadores
“criador * ano” influenciaram significativamente o estudados
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